quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Consumo de bebidas açucaradas aumenta risco cardiometabólico em adolescentes

O consumo  de bebidas açucaradas está associado a ganho de peso, diabetes tipo 2 e aumento do risco cardiovascular em adultos. As bebidas açucaradas incluem refrigerantes e sucos industrializados com adição açúcar.  

Estudos mostram que o consumo de bebidas açucaradas é frequente entre as crianças e adolescentes e está associado a obesidade e risco de alterações cardiometabólicas. No Brasil por exemplo, as crianças e os adolescentes consomem cerca de 21 quilos de açúcar por ano só considerando as bebidas.


Estudo publicado na revista The American Journal of Clinical Nutrition demonstrou que o consumo frequente de bebidas açucaradas aumentou o risco cardiometabólico em adolescentes.

O estudo incluiu dados de 1433 adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos, que foram acompanhados do nascimento até a adolescência. O consumo de bebidas açucaradas foi avaliado por meio de questionário de frequência alimentar. Foram avaliados o IMC, perímetro da cintura, pressão arterial, perfil lipídico, níveis de glicemia de jejum e insulina, com a finalidade de estimar o risco cardiometabólico.

Os níveis de consumo de bebidas foram divididos em tercis: 0 a 0,5 porções/dia (125 ml/dia); > 0,5 a 1,3 porções/dia (> 125 a 750 ml/dia; e > 1,3 porções/dia (> 750 ml/dia), em que cada porção foi equivalente a 250 ml.

Observou-se que 89% dos adolescentes consumiam em média 1,3 porções/dia de bebidas açucaradas. As adolescentes com consumo > 1,3 porções/dia apresentaram aumento do risco de sobrepeso e obesidade, e maior risco cardiometabólico. Entre os rapazes houve redução nas concentrações séricas de HDL-colesterol, com redução de -3,1%, independentemente do ganho de peso. Todos os adolescentes, tanto do sexo feminino e masculino, que aumentaram o consumo para > 1,3 porções/dia apresentaram aumento dos níveis sanguíneos de triacilglicerois (aumento entre 7,0-8,4%). 

Os resultados evidenciam que o consumo moderado (> 750 ml/dia) durante a adolescência pode ter consequências negativas para a saúde. Os autores concluem que o aumento da ingestão de bebidas açucaradas pode ser um importante preditor de risco cardiometabólico em jovens, independente do peso corporal.

Portanto, o consumo dessas bebidas deve ser limitado em adolescentes, para que se possa reduzir o futuro risco cardiometabólico.

Referência

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Calculadora prediz risco para Cancer Colorretal

Pesquisadores da Clinica Cleveland nos EUA desenvolveram uma nova ferramenta que permite prever de forma rápida, simples e precisa o risco de desenvolver câncer colorretal. Trata-se de uma calculadora online (CRC-PRO) que avalia o risco de desenvolver a doença. A previsão de risco para o câncer colorretal pode melhorar as estratégias de prevenção, permitindo aos médicos identificar com mais precisão os indivíduos de alto risco

O câncer colorretal abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Estimativa de novos casos: 32.600, sendo 15.070 homens e 17.530 mulheres (INCA, 2014).



A calculadora de risco online foi criada usando dados do estudo de coorte multiétnico, em que mais de 180 mil pacientes foram seguidos por até 11,5 anos. Ao final do estudo foram desenvolvidos dois cálculos, um para homens e um para mulheres.

O modelo final para os homens incluiu: idade, etnia, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, índice de massa corporal, escolaridade, o uso regular de aspirina, história familiar de câncer de cólon, o uso regular de polivitamínicosconsumo de carne vermelha por dia, história de diabetes, e as horas de atividade física moderada por dia.  

O modelo final para as mulheres incluiu: idade, etnia, escolaridade, uso de estrogênio, história de diabetes, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, história familiar de câncer de cólon, o uso regular de polivitamínicos, índice de massa corporal, uso regular de anti-inflamatórios. 

A análise estatística demonstrou boa precisão da calculadora. Os autores concluem que a calculadora parece ser precisa, é de fácil utilização e foi validada internamente em uma população diversificada.

Com essa calculadora os médicos poderão identificar melhor aqueles pacientes que possuem risco de câncer.
 
A versão eletrônica da calculadora está disponível aqui.
 
Referência

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Gordura da dieta aumenta as concentrações de glicose e necessidade de insulina em pacientes com diabetes tipo 1

As diretrizes atuais para o tratamento intensivo do diabetes tipo 1 baseiam-se no cálculo do bolus de insulina exclusivamente na contagem de carboidratos. Evidências apontam que a gordura da dieta e os ácidos graxos livres prejudicam a sensibilidade à insulina.

Pizza, por exemplo, pode causar hiperglicemia pós-prandial tardia em pacientes com diabetes tipo 1. Alguns estudos têm mostrado que a utilização de um bolus com ou sem um aumento na dose total é necessário para atenuar a hiperglicemia após as refeições contendo pizza com maior teor de gordura.




Estudo publicado na Diabetes Care, avaliou se refeições com alto teor de gordura exigem mais insulina do que a refeições com baixo teor de gordura e teor de carboidratos padronizado.

Trata-se de estudo do tipo crossover, em que foi avaliado dois períodos de 18 h de controle de glicose após jantar com alto teor de gordura em comparação com jantar de baixo teor de gordura. Cada jantar apresentava teor de carboidrato e proteína padronizados, mas diferente teor de gordura (60 vs 10g).

Participaram do estudo sete pacientes com diabetes tipo 1 (55 ± 12 anos; A1C de 7,2 ± 0,8%). Após jantar rico em gordura foi necessário mais insulina do que o jantar pobre em gordura (12,6 ± 1,9 vs 9,0 ± 1,3 unidades, p = 0,01) e, apesar da insulina adicional, causou mais hiperglicemia.

Os autores concluem que essa evidência de que a gordura na dieta aumenta os níveis de glicose e as necessidades de insulina destaca as limitações da abordagem baseada em carboidratos para o cálculo da dose de bolus de insulina.

Estes resultados apontam para a necessidade de algoritmos de dosagem de insulina alternativos para refeições com teor mais elevado de gordura e sugerem que a ingestão de gordura na dieta é um fator nutricional importante para o controle glicêmico em indivíduos com diabetes tipo 1.