A desnutrição ocorre com frequência em pacientes com câncer durante e após a radioterapia e/ou quimioterapia. A desnutrição está associada com aumento de morbidade e mortalidade, aumento do risco de complicações, tempo prolongado de permanência no hospital, redução da resposta ao tratamento e redução da qualidade de vida.
Estudo publicado na revista Clinical Nutrition avaliou o efeito do aconselhamento dietético intensivo, individual de pacientes em radioterapia e/ou quimioterapia para câncer ginecológico, gástrico ou esofágico.
Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado e controlado, realizado com 61 pacientes ambulatoriais. Estes foram estratificados por diagnósticos e distribuídos aleatoriamente em dois grupos: grupo intervenção nutricional (n=32) e grupo controle (n=29).
Foram avaliados peso corporal, parâmetros bioquímicos, consumo alimentar por recordatório de 24 horas e questionário de frequência alimentar.
O grupo intervenção nutricional recebeu atendimento nutricional, sendo a primeira consulta no início do estudo,
posteriormente uma vez por semana durante o tratamento (devido a diferenças no diagnóstico e tratamento, o estudo teve duração de 5 a 12 semanas) e após três meses o término da quimio e/ou
radioterapia. Os cálculos das necessidades energéticas foram feitas com
base na equação de Harris-Benedict e as necessidades diárias de
proteínas foram estimadas a partir de 1,5 g de proteína/kg de peso
corporal por dia. esse grupo recebeu suplemento nutricional oral diário, contendo 605
kcal, 33,8 g de proteínas e 2,2 g de ácido eicosapentaenoico (EPA)
Os principais elementos do aconselhamento nutricional foram: explicar a importância da nutrição em relação à situação atual do paciente, explicar as metas e chegar a acordo sobre metas dietéticas específicas a serem cumpridas até a próxima sessão.
Ao final do período de tratamento, o grupo de intervenção perdeu menos peso que o grupo controle (média: 44% vs 72%, p <0,05). Além disso, os pacientes do grupo intervenção atingiram o consumo de
energia em 107% das necessidades estimadas e atingiram 92% da quantidade
estimada de proteína, comparado com 71% dos pacientes do grupo
controle.
O estudo demonstrou que o aconselhamento dietético individual e intensivo, com
consultas frequentes, em pacientes com câncer esteve associado com uma
melhor manutenção do peso corporal e maior fornecimento de quantidades
adequadas de proteínas e energia.